Abril será sempre Revolução
J. Pacheco Pereira tem uma extensa legião de fans. Confesso que tento saber por que razão. Sinceramente o melhor que lhe conheço é como comentador partidário.
O que difere JPP dos outros comentadores é maneira como fala, assim como, se de uma autoridade intelectual se tratasse, JPP gosta de deixar no ar, uma clarividência e certeza absoluta em tudo que afirma. Penso até que deve sentir um enorme desprezo por aqueles que (no meu caso acidentalmente) o escutam.
Este fim-de-semana JPP falou da campanha de outdoors
- Abril é Evolução- mandados afixar pelo Governo, para afirmar que passado 30 anos a palavra revolução não faz qualquer sentido a palavra de ordem passa a ser Evolução. De permeio aproveitou para dizer “tirando alguns casos familiares foi um dos momentos mais importantes da minha vida vida”
Ao longo de 30 anos assiste-se ao esvaziar progressivo do 25 de Abril de 1974, ao longo dos anos muito se tem feito para apagá-lo da nossa História recente ou resumi-la a um epifenómeno, com direito a mais um feriado.
Para a direita neo-conservadora e neo-liberal que tomou conta do país, a palavra revolução queima, não surpreende que ensaie o propósito ideológico de riscar o R...Evolução.
Mas evolução de que?
Dos que em Abril de 74 eram de extrema-esquerda e agora são de direita? Dos que antes do 25 de Abril prosperavam com a bênção do Estado e hoje assistem à multiplicação por muito, da sua riqueza? De que? Porque muito mais havia para dizer. Mas bendita democracia e estado de direito à luz do qual nada é censurável. Em 30 anos apareceram evolucionistas.
Abril foi e será sempre uma revolução. Revolução dos mais fracos na convicção de que era possível, naquele momento, com o apoio das Forças Armadas, mudar.
Revolução do atraso, das mentalidades, das reformas, por um Portugal solidário. Uma revolução adiada mas não abortada.
Hoje Abril ainda é uma criança e a não se faz com outdoors.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home