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ESTACA ZERO


sexta-feira, junho 11, 2004

Fado da Tristeza *

Há tanta coisa que não percebo! Deprimidos que estamos com esta governação medíocre e num inédito excesso patriótico os portugueses vestem as janelas e varandas de suas casas com bandeiras nacionais quiçá a quererem mostrar que estão todos com Portugal.

Esta parte entendo como um o um sinal dado a Scolarri e Madaíl que conseguiram dividir os Portugueses naquilo que ainda era um dos poucos motivos de orgulhos para todos nós, a Selecção Nacional de Futebol.

O que não percebo é que este povo capaz de tanta generosidade não vista também as suas janelas e varandas com bandeiras negros pelos 452.141 desempregados inscritos nos centros de emprego (números de Maio) pelos 200 mil que passam fome pelos sem-abrigo e pedintes e sobretudo contra este futuro para muitos sem perspectivas.

Os acontecimentos dos últimos dias deveriam desperta-nos a consciência de como somos efémeros, deveria levar-nos a ser mais solidários, perceber que não faz sentido passar ao lado do sofrimento de outros seres humanos.

Numa sociedade em que se valoriza acima de tudo as aparências em que se vira a cara ao desespero do próximo valia a pena colocarem também bandeiras negras.



* este é o fado da tristeza que vale a pena

José Mário Branco, Fado da tristeza

Não cantes alegrias a fingir
Se alguma dor existir
A roer dentro da toca
Deixa a tristeza sair
Pois só se aprende a sorrir
Com a verdade na boca

Quem canta uma alegria que não tem
Não conta nada a ninguém
Fala verdade a mentir
Cada alegria que inventas
Mata a verdade que tentas
Pois e tentar a fingir

Não cantes alegrias de encomenda
Que a vida não se remenda
Com morte que não morreu
Canta da cabeça aos pés
Canta com aquilo que és
Só podes dar o que é teu

Letra e música: José Mário Branco
"Ser Solidário", 82

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